A vida do trabalhador brasileiro não é nada fácil. Aliás, nunca foi! Desde os índios, passando pelos negros africanos, até os dias atuais, o trabalhador brasileiro se perpetua como o grande gerador de riqueza para as classes dominantes.
É ele quem trabalha para pagar, por exemplo, o caviar do patrão ao mesmo tempo em que 'se vira nos 30' todos os dias para sobreviver com um (R$622) ou no máximo dois salários mínimos (R$1.244) mensais. Merece o troféu de herói só por isso. O jardineiro Paulo de Jesus Pereira, de 50 anos, que presta serviço à Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia há mais de 10 anos, em Vitória da Conquista, é um exemplo de que a vida do trabalhador brasileiro não é nada mole.
Como a maioria dos trabalhadores brasileiros, o jardineiro, que mora no bairro Nossa Senhora Aparecida, tem de acordar antes de o sol iluminar as cidades e os campos, precisamente 5h da manhã, para dar tempo de tomar café, pegar o transporte público lotado e chegar ao batente.
Corre o risco de ser assaltado durante o trajeto, mas não tem outra alternativa, pois, caso pegue um outro ônibus que não seja o da Uesb, tem de pagar por R$2,10 que é o preço da passagem do transporte público de Vitória da Conquista.
Trajado com uniforme verde, calça jeans e botas, Paulo, ao chegar na Uesb 7h, encontra com seus colegas de trabalho e aproveita para colocar o bate-papo em dia. Mas a conversa amigável entre eles demora no máximo 10 minutos: logo se espalham pelo extenso território da universidade e cada um vai cuidar de sua ‘obrigação’.
Sua expressão de cansaço e seu olhar tristonho refletem à realidade do trabalhador brasileiro explorado, subjugado e marginalizado.
Quando o ônibus da universidade finalmente chega ao destino final, Paulo ainda tem de caminhar à noite cerca de 10km até a sua casa. A lua é sua única companheira. Aliás, nos dias nublados, até mesmo ela lhe abandona e lhe deixa solitário em meio à escuridão, correndo risco de a qualquer momento ser parado por um assaltante e pedir para passar seu relógio, que Paulo paga há 5 meses, pois comprara a prestação.
O jardineiro continuará por um bom tempo ainda acordando 5h da manhã e chegando em casa próximo de 8h da noite, estando ausente de casa ao longo dia por mais de 12h, o que prova que o trabalhador brasileiro, sobretudo o baiano, tem uma nada mole vida.
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